A deputada na Assembleia da República, até á dissolução do órgão, Sílvia Torres, natural de Ponte da Barca, tomou uma posição sobre a sua ausência na lista do partido para as próximas eleições legislativas, através de uma publicação numa rede social, deixando críticas ao atual líder da concelhia do PS, Pedro Sousa Lobo.

Contactada pela Barca FM, Sílvia Torres remeteu as declarações para a referida publicação, onde pode ler-se que decidiu “partilhar os motivos pelos quais” não integra a lista do partido. A barquense, afirma que a sua ausência não acontece “por não querer”, pois garante que tinha “toda a disponibilidade, energia e vontade para continuar a exercer as funções de deputada, prosseguindo assim o trabalho de defesa dos interesses do distrito e do concelho”.

Sílvia Torres adianta que “logo após o chumbo do orçamento”, comunicou ao presidente da concelhia de Ponte da Barca, Pedro Sousa Lobo e ao líder da Federação Distrital do PS, Miguel Alves, a sua “disponibilidade para continuar a integrar a lista de deputados por Viana do Castelo”.

Na sua opinião, esta seria “uma escolha natural, por ser de continuidade, pela qualidade e empenho com que o cargo foi desempenhado e, portanto, a que melhor posicionaria Ponte da Barca na disputa a nível distrital”. A ex-vereadora do município barquense afirma ainda que “isso foi reconhecido pelo presidente da concelhia, Pedro Sousa Lobo”, recordando a dada à Barca FM em 1 de setembro, onde justificou a ausência na lista candidata à vereação afirmando “eu quero muito que a Sílvia Torres, para além destes dois anos de mandato que ainda vai ter como deputada, volte a repetir o mandato na próxima eleição da Assembleia da República”.

Depois de citar o líder da concelhia, Sílvia Torres acusa-o depois de “mudar de ideias e dar o dito por não dito” e considera que Pedro Sousa Lobo “entendeu que afinal seria ele, o mais bem colocado para integrar a lista e que iria lutar por melhor lugar”. A deputada garante que “a partir do momento em que a comissão política concelhia, decidiu que seria o Pedro Sousa Lobo o indicado, ficou sentenciada” a sua “exclusão da lista”, afirmando que “não foi no PS distrital, nem no PS nacional” que o seu nome foi chumbado.

Apontou ainda os exemplos de “Arcos de Valdevez, Valença e Caminha, em que os presidentes da concelhia continuaram a apoiar aquelas que já estavam em funções e em Ponte da Barca esse apoio não aconteceu”.

Por fim, Sílvia Torres, considera que o seu nome “seria uma escolha que reforçava o PS barquense no panorama político nacional e local” e que “o presidente da concelhia de Ponte da Barca tenha optado por uma estratégia pessoal ao invés de uma estratégia política global de valorização dos ativos políticos do partido”.

A ex líder do partido em Ponte da Barca, lamentou ainda que “depois de um quinto lugar em 2019, Ponte da Barca surja agora em 12º e último lugar da lista” e que “o responsável por esta situação, não assuma as suas responsabilidades”.

A Barca FM contacto o líder da concelhia barquense, Pedro Sousa Lobo, que afirmou que Sílvia Torres “foi um dos nomes indicados pela concelhia”, salientando que “existiu um processo democrático de escrutínio, em que foram indicados como preferência da concelhia os nomes de Pedro Lobo e Sílvia Torres”. Indicou ainda que “durante o processo de selecção, nunca a Federação Distrital indicou preferência pelo nome de Sílvia Torres” e adiantou que “os critérios que foram utilizados, são internos do PS, um dos quais foram compromissos estabelecidos em 2019”. Pedro Sousa Lobo, explicou que em 2019, “a deputada Dora Brandão tinha prioridade em relação á Sílvia Torres, mas depois o que se entendeu é que era bom para o partido e para o concelho, projetar Ponte da Barca face ao resultado das autárquicas de 2017.”

O atual líder da concelhia socialista assume que “gostaria que Ponte da Barca tivesse continuado com um deputado ou uma deputada, mas não foi possível”.

Pedro Sousa Lobo afirmou ainda que “na política não podemos andar a perseguir os cargos e a ficar revoltados contra as pessoas ou contra o partido quando não nos dão uma posição”. Assumiu ainda que “o que quis demonstrar ao dizer à distrital que me disponibiliza para ir em último lugar da lista foi que a política é mais do que guerras pessoais, que existem outros valores e é necessário privilegiar as pessoas que fazem a sua vida fora da política, que não arranjam emprego através da política”.

O presidente da concelhia socialista, assume no entanto, que esperava “que Ponte da Barca tivesse outro posicionamento na lista, pois é importante para qualquer concelhia ter pessoas como deputadas”, mas estas “foram as condições possíveis”. Deu ainda o exemplo de Ponte de Lima, que “nunca teve um candidato nos 6 primeiros lugares e estas foram algumas das razões que foram dadas”.

“Qualquer pessoa que saiba como se conduz o processo de designação dos candidatos a deputados sabe que a competência não é das concelhias, mas sim da Federação Distrital e depois é votado a nível nacional. Em Ponte da Barca foram designados dois nomes, Pedro Lobo e Silvia Torres, e o presidente da Federação Distrital do PS poderia ter tomado a opção pela Sílvia Torres e lutado pela inclusão do seu nome na lista e não o fez, portanto o que lamento é que se transforme um processo de designação política numa quezília de foro pessoal.”, finalizou Pedro Sousa Lobo

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