Os Gaiteiros de Bravães ,no passado dia 4 de março, protagonizaram palestra na Casa do Santo António do Buraquinho, Ponte da Barca, intitulada de “A gaita de Bravães. Passado, presente… e futuro”.

O momento conduzido por Rafael Freitas, um dos membros da direção do projeto, apresentou a história do instrumento no século XX, nomeadamente na região do Minho, a sua experiência com o mesmo, os projetos passados e atuais relacionados com o trazer de volta a gaita de Bravães.  

O projeto dos Gaiteiros de Bravães começou a ficar cada vez mais consolidado com a descoberta de um construtor de gaita de foles em Ponte da Barca. Um dos membros da direção dos Gaiteiros de Bravães, Rafael Freitas, conta que este processo de redescoberta e de aprendizagem das caraterísticas deste instrumento tem sido uma agradável aventura e uma surpresa para ele, para o projeto e para a freguesia de Ponte da Barca. “Basicamente foi descobrir que na minha aldeia existia um tesouro escondido, algo que nós não sabíamos. Para quem já gostava da música tradicional e descobrir que aquilo que já gostava era algo presente na terra é inexplicável. Estamos a adorar esta experiência”, afirmou Rafael Freitas.

O orador explicou que a adesão às diferentes fases dos Gaiteiros de Bravães é algo inconstante tendo em conta que “sempre que começamos uma turma nova existem muitos interessados. Depois, quando começam a perceber que a gaita de foles não é um instrumento tão fácil como parece, as turmas acabam por diminuir e muitas pessoas desistem da aprendizagem. Mas, no geral, temos muitos interessados e este projeto é muito recente”.

Acrescenta também que a iniciativa também teve alguns percalços relacionados com a Covid-19 e “ainda não sabemos o que isto vai ser e vamos ver o que vamos fazer sem pandemia nas festas tradicionais. Até porque queremos realizar iniciativas e as pessoas têm medo, nós também tendo em conta que é um instrumento de sopro. Atualmente tem sido complicado, mas achamos que isto vai melhorar”.

As aulas prestadas pelos Gaiteiros de Bravães têm diferentes fases. Em primeiro lugar apostaram no ensinamento da construção do instrumento em que, atualmente, vão incidir mais nos ensinamentos relacionados com a música e como tocar a gaita de foles, explica o também arquitecto, Rafael Freitas. “A próxima iniciativa vão ser as aulas só para tocar. Até agora destacamos o construir e o tocar e percebemos que não está a funcionar, porque os alunos ficam entusiasmados em construir e dão pouca atenção ao toque. Temos que pensar que uma boa gaita não produz um bom gaiteiro”.

Muitos nomes sonantes da música tradicional portuguesa têm aderido a alguns projetos dos Gaiteiros de Bravães, nomeadamente as aulas dinamizadas por este grupo de Ponte da Barca. Rafael Freitas, em declarações à Barca FM, mostra os seus sentimentos perante este apadrinhamento. “Com isto, sentimos que estamos a ir por um bom caminho. No fundo, estamos a falar de malta que esteve sempre ligada à música tradicional e que sabe o que se faz bem e mal nesta mesma área. Estar associado a nós, gostar do nosso projeto e pagar por ele, é algo gratificante. Por exemplo, o Augusto Canário é um aluno como outro qualquer, em que paga a sua mensalidade. Também temos alunos que já eram gaiteiros brutais, sinal de que estamos a trabalhar bem”. 

Os Gaiteiros de Bravães, projeto inserido na Associação “Os Canários de Bravães”, uniram-se depois terem ganho uma candidatura ao Orçamento Participativo de 2018 com a ideia de se constituir uma oficina de construção deste instrumento. A iniciativa conta com diversas aulas e com eventos, como o Anda à Varanda, entre outros.

Durante a apresentação, foram mostradas diversas fotografias e notícias, que comprovaram a popularidade do instrumentos nas diversas festividades da região, ao longo do século XX.

Texto: Ana Silva

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